sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Crise? Qual crise?

“Para manter uma economia saudável, os governos têm de manter incentivos para que as pessoas trabalhem e poupem. As sociedades podem apoiar durante algum tempo aqueles que ficam desempregados mas, se a segurança social se tornar demasiado generosa, as pessoas passam a ficar dependentes da administração pública. Se começam a acreditar que o governo lhes deve a sua subsistência, isso pode embotar o fio aguçado do espírito empreendedor. O facto de os programas governamentais derivarem de propósitos nobres não significa que não devam ser aplicados de forma cuidadosa e eficiente.” (Doc.1)


Como na História, no Desporto, na Arquitectura ou na Religião, também em Economia, devemos aprender com os erros do Passado para posteriormente não os repetirmos e termos soluções para um novo ciclo económico duradouro e eficaz. Penso que acima de tudo, Nós Portugueses, para sairmos de uma crise que já se alastra há algumas décadas e mais recentemente, com a crise financeira de 2008, deveríamos apostar inicialmente nas seguintes medidas:

- Apoio às pequenas e médias empresas que são responsáveis por 99,6% do tecido empresarial, geram 75,2% do emprego e realizam 56,4% do volume de negócios nacional.

-Aumentar os Benefícios Fiscais não só para as PME’s mas principalmente, às grandes Indústrias para não terem que sediar as suas empresas noutros países, aumentando assim o Emprego, Exportações e PIB. Diminuindo as importações, o deficit e principalmente atrair investidores estrangeiros para o nosso Portugal.


(Fig.1- O Alentejo é das zonas mais prejudicadas,sendo o seu desemprego superior à média Portuguesa)


Mas, acima de todas as crises até agora estudadas e analisadas, creio que a grande saída para a crise não passa apenas por novas políticas económicas. Na minha opinião pessoal a maior de todas e a mais importante de combater é a crise MORAL:

-Vivemos numa sociedade em que por vezes fecha os olhos à concorrência desleal; (Ex: Só 4% das empreitadas públicas foram a concurso)

-Está em causa a formação das pessoas, começando pelos hábitos educacionais no meio familiar, passando pelo facilitismo Escolar e terminando nas capacidades profissionais exercidas no Mercado de Trabalho; ( Ex: Nova porta para o facilitismo )

-Está em causa a ganância pelo dinheiro, mesmo que este, leve à falência inúmeras fábricas o que obriga ao despedimento de centenas de pessoas e aumente os níveis de pobreza (Que atinge aterrorizadamente 1/5 da população Portuguesa);

- Está em causa o enorme endividamento do Estado, pela qual os Senhores Governantes continuam a apelar a todos os Portugueses enormes sacrifícios. Mas quando é para gastos: 1km de estradas em Braga custará 8 milhões de euros

-Está em causa o civismo, o bom senso, a Educação e os princípios não só de alguns empresários, banqueiros ou políticos mas principalmente de todos aqueles que vêm os empréstimos como um dado adquirido e garantido, faltando assim, às suas responsabilidades de pagamento tal como todos os mandriões e capacitados fisicamente que recebem o Rendimento Social de Inserção ou subsidio de desemprego, sem por isso, prestarem qualquer serviço que seja à sociedade.

-Estão em causa os maus hábitos de poupança e o modo de gerir as economias individuais ou colectivas;


Como pode um País pedir esforço, compreensão e contenção à sociedade Portuguesa se o que temos aprendido e adquirido como exemplo nos últimos anos foi o facilitismo, a desordem, o desrespeito, a desacreditação na justiça, a desconfiança nos governos políticos e a insegurança económica?


CAROS AMIGOS, SÃO OS VALORES QUE ESTÃO EM CAUSA!



“A sociedade tem de encontrar o justo equilíbrio entre a disciplina de mercado e a generosidade do Estado-Providência. Ao usar a cabeça fria para informar os nossos corações ardentes, a ciência económica pode desempenhar o seu papel no alcance de uma sociedade próspera e justa.” (Doc.2)


( Doc.1 & Doc.2: João Sousa Andrade - Introdução à economia )

1 comentário:

  1. Meu caro Gonçalo,

    li com atenção o post e devo dizer que tens toda a razão e o post é claro e assertivo, mas (porque há sempre uma mas) devo também acrescentar que o maior problema não é a legislação actual. Na verdade, a legislação actual nas áreas do benefícios fiscais, incentivos e outra áreas das empresas está na sua generalidade bem feita, o problema está localizado (tal qual uma gordura) nos processos e procedimentos de fiscalização e aplicação das regras. Se bem que alguma inércia politica, e talvez, falta de pessimismo (leia-se informação e formação), se não vejamos:
    O actual OE para 2011 mantém os benefícios fiscais à interioridade (ou seja o IRC pago no distrito de Évora é mais baixo que a taxa geral de 25%), logo, ainda que só isso não seja suficiente para captar investimento, no caso de Vila Viçosa, em conjunto com outras medidas, poderíamos criar um pacote de incentivos à criação de emprego e ao investimento.

    Bem, sem querer alongar mais, e felicitando pelo blog, apenas queria adicionar outro elemento à discussão e dizer que a falta de criatividade e inércia dos nossos executivos são uma parte do problema e não da solução.

    abraço,
    rb

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