sábado, 8 de janeiro de 2011

Pessimista? Sou, claro!

Pavel Constantin

Bom 2011 para quem nos acompanha e aos restantes Conjurados!

Bom? Sim, votos sinceros de um óptimo 2011, vai ser necessário sermos bastante pessimistas para melhor atravessarmos este novo ano.

Porque? Simples, que de simples não tem nada, aumento do IVA, cortes salariais na função pública, aumento do preço das matérias-primas, dividas ao bancos, crédito mal parado, divida externa, e por ai fora… (a lista é longa). E isto numa altura marcada por uma crise global, sentida com especial ênfase num país que se acostumou a depender cronicamente do estado, em todas as áreas, com que pessimismo o poderemos encarar?

Quanto a mim posso dizer que só o meu. Passo a explicar o meu raciocínio e o porquê desta mensagem.

Se num pais que apenas oferece, na grande maioria dos casos, desemprego ou imigração a novas gerações, num pais que se habituou a viver do estado, das cunhas e que numa altura difícil o que se transmite pelos lideres sociais são jogos de poder, alienação de responsabilidades, incentivo à fractura e explosão social, o que posso eu, jovem Português a entrar no mercado de trabalho e que até tem alguma consciência, fazer para vencer na vida, encontrar trabalho, criar família, ser cidadão útil e contribuidor para um modelo de sociedade pelo qual nos regemos (pelo menos no ocidente)?

Das duas uma, ou entro na onda do “porreiro pá” ou trato de pensar em algo, urgentemente, para orientar o meu futuro num País, numa sociedade, que parece guiar-se pelos mesmos pergaminhos. Não sendo um fã de determinados conceitos, opto claro por uma visão mais esclarecida, real (vem de realidade, não fazer confusão).

Não tenho duvidas que quem embarca na onda chega longe, mas com toda a certeza não é pelos seus remos, o que para mim faz toda a diferença. Creio mesmo que a grande crise, como disse o Gonçalo na mensagem anterior, é a de valores.

Fraco rei faz fraca a forte gente, e ai temos todos enfraquecido ano após ano.

É necessário, como diz Luis Filipe Pereira (Presidente da EFACEC), “mudar de vida”. Acabar com os facilitismos e potenciar os bons exemplos. Temos que nos reajustar no mercado internacional e ao mesmo tempo meter ordem na casa. O professor Silva Lopes acrescenta “fazer apenas cortes em todo o lado é rebentar com o pouco que temos.” Poderei juntar a esta citação o que sempre ouvi dizer: “uma crise é um pau de dois bicos (ou uma faca de dois gumes), abre falências mas também abre sempre oportunidades de negócio.” E ainda, o que Rodrigo Costa (CEO da ZON) diz, “temos que investir para poder exportar”, “sabemos que não podemos ficar apenas por este mercado” (se a até a ZON diz que não é seguro contar só com o mercado Português…). Então torna-se claro que apenas medidas de austeridade não vão funcionar, ou pelo menos não para o objectivo que será colocar Portugal num caminho competitivo. Para isso é necessário incrementar a produtividade, apostar nas empresas! Exemplos? Apostar em áreas esquecidas (ou que o Portugal pequenino e inexperiente foi levado a esquecer) como a Agricultura, a pesca e, espantem-se, o Mármore.

Puxando ao grande foco de empregabilidade em Vila Viçosa, o Mármore. Mesmo não sendo um especialista torna-se transparente que é uma área que necessita de apoio, de investimento, de uma visão partilhada entre todos os intervenientes e o Estado. Como? Apoio nos combustíveis, nas condições de exportação (taxas de portos por exemplo), isenção de impostos municipais, apenas para referir algumas preocupações presenciadas. Temos inúmeros casos de sucesso, mas não foram amparados, não existiu no fundo uma estratégia que pudesse potenciar o “Ouro Branco”! Note-se que muitos não queriam o tal facilitismo, muito pelo contrário queriam expandir-se com o seu trabalho. Vamos a tempo? Sim, quanto mais depressa melhor! Tem todas as condições para ser uma área exemplo para todo um País!

E no que é que isto contribui para o meu pessimismo?

Isso é fácil, recorrendo novamente a Luis Filipe Pereira (Presidente da EFACEC), “Pessimista é um Optimista bem informado”.

Respondendo também ao que posso eu fazer?

Esforçar-me por ser “Pessimista” e dar um pouco de mim a um Portugal que precisa de união e de mudar de vida (hábitos no fundo). Não perguntar o que o país pode fazer por mim mas sim o que posso eu, dentro das minhas possibilidades, fazer pelo país.